Literária sempre. Monótona, jamais.

Devaneios de um protótipo humano na infoesfera.

sábado, 22 de maio de 2010

Viver um dia por vez

por Viviane Cabrera


 


O despertar da manhã com aroma de café.

A limpeza espiritual de um banho demorado.

O ruído estrondoso do sinal da escola.

Pessoas menos esclarecidas que eu na classe.

O lápis que parece ter vida própria.

O livro revoltado com a ingratidão.

A borracha exausta por dar sumiço em meus erros.

O caderno cheio de palavras sem objetivos.

O tempo deixa a desejar.

Já é hora de retornar à casa materna.

Telefonemas e papos-furados.

E eu a esperar por aquilo que nem sei se acontecerá.

O manto da noite toma conta do céu.

O brilho das estrelas ilumina meus pensamentos.

Refletir, para filosofar, para progredir.

Nada melhor que viver um dia de cada vez...



Desperto em uma nova manhã.

O aroma já não é o mesmo.

Meu espírito já não é tão puro.

Não há mais sinal nem escola..

Lápis e livro, borracha e caderno, não correspondem mais às minhas expectativas.

O tempo parou e não retorno mais à casa materna.

Telefonemas, já não os tenho e não espero mais.

Em meus dias só há noites escuras e caladas.

Já não reflito ou progrido: ESTOU MORTA...

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