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Devaneios de um protótipo humano na infoesfera.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Lobos em Pele de Cordeiros

Por debaixo das vestes de bom samaritano existem interesses ocultos nas ações empresariais de responsabilidade social.

Por Viviane Cabrera


Capitalismo Selvagem - Visando somente ao lucro, corporações maqueiam suas intenções com ares de bom-mocismo.




Por longa data, as empresas fixavam-se nos lugares sem dar importância aos danos que causavam à comunidade local e ao meio ambiente. No entanto, a pós-modernidade trouxe à tona esse tipo de questionamento, fazendo com que esse setor repensasse suas ações e desenvolvesse projetos para dar algum retorno - seja à população ou à natureza - dos lucros obtidos.
Para fidelizar seus acionistas, fornecedores e consumidores, as corporações fazem amplos estudos sobre os impactos ambientais e problemas que mais preocupam a sociedade. Esse tipo de pesquisa é enviada a sociólogos e antropólogos, sendo encomendada inclusive uma pseudossolução como forma de dizer que sua contribuição foi dada.
Prática que se iniciou na França através da prestação de contas dos investimentos sociais das empresas, foi nos Estados Unidos que ganhou notoriedade sob a designação de balanço social. Mas aqui abaixo dos trópicos, o Brasil aderiu à ideia somente em 1976, quando foi criada a Associação dos Dirigentes Cristãos das Empresas (ADCE), consolidando-se na transição do século XX para o XXI.

Fatores Decisivos

Argumentos como a reorganização do capital e a mudança do cenário econômico, aumento da desigualdade social, crescimento da violência urbana e insuficiência do papel do Estado implicaram a intervenção privada, com ações sociais baseadas no resgate à cidadania.
Entretanto, sempre há um senão. Atualmente, algumas empresas utilizam-se desse tipo de recurso não só para distrair o público de sua real intenção, mas também como forma de conseguir isenção fiscal, fazer lavagem de dinheiro e outras coisas que vão de encontro com o chamado comprometimento ético. Para alguns críticos, a aplicação de um regulamento internacional seria uma solução viável para garantir que o termo "responsabilidade social" ganhe veracidade.
Em campanhas supostamente em prol do meio ambiente, empresas tropeçam nas justificativa. Um belo exemplo disso é a Unilever e sua proposta de inovação - com um sabão líquido concentrado para lavar roupas - aliada a menores índices de carbono emitidos na atmosfera. Responsável pela assessoria de imprensa, Liane Lionel afirma: "Cálculos da Unilever indicam que se todos aderissem ao novo OMO Líquido Super Concentrado teríamos menos 130 mil toneladas da emissão de gás carbônico por ano, o equivalente a 37 mil carros a menos nas ruas".
Fica claro que o interesse da marca, na realidade, não passa de uma estratégia empresarial que visa a um retorno positivo no faturamento, nas vendas, como também à melhoria da imagem institucional junto aos consumidores.