Por: Viviane Cabrera
Quando
me faço poesia
Chovo
em pingos densos,
Intensos,
Que
se misturam ao orvalho da manhã todo dia.
Caio
com as folha de um outono vão.
Viro
trigo, aveia, centeio.
Viro
semente, um devaneio.
Floresço
enquanto me agarro ao chão.
Voo
no vento
Sem
pensar em nada
Carregada
por essa sensação alada
De
fazer da liberdade meu maior intento.
Queimo
em labaredas envolventes
Na
fogueira incerta de minhas paixões
A
consumir lenhas da razão e suas definições,
A
reduzir tudo à subjetividades incandescentes.
Quando
me faço poesia
Vejo
com o olho alheio
E
enxergo aquele que veio
Acabar
com o que nos dividia.
Me
deixo tecer
Entre
fios fortes.
Mas
é destruir nós de todas as sortes
O
que quero fazer.
A
solidão vou parir
Para
mergulhar em mim.
Compreender
porquê sou assim
E
com satisfação sorrir.
Vou
submergir nos oceanos
Procurando
alguma lógica nos meus lamentos
E
afogar as dores, os maus pensamentos
Junto
aos impulsos insanos.
Quando
me faço poesia
Abro
as portas antes trancadas
E
me encaminho leve para versos e estradas
Em
busca de analgesia.