Literária sempre. Monótona, jamais.

Devaneios de um protótipo humano na infoesfera.

sábado, 14 de maio de 2011

Mais Um Capítulo no Livro da Vida

Por: Viviane Cabrera




Um belo dia a gente acorda e vê que as coisas não estão mais em seus devidos lugares. Passamos a tentar entender as razões dos acontecimentos sem ao menos correr atrás de uma solução imediata e palpável. E ao tentar desembaraçar tão nodosos fios, nos perdemos entre angústias e lágrimas desesperadas.
Com um turbilhão de pensamentos que nos fazem ter até vertigem, chega-se até a crer que a loucura é nossa mais fiel companheira. Mas uma pantera rasga por dentro o peito. Essas escoriações são a prova cabal de que o ser humano nada mais é do que refém de suas emoções e do acaso que o envolve.
Uma vez que existe, é obrigado a pensar para manter-se na condição vital que lhe cabe. E, ocupante de tal posição, deve sempre portar-se de forma a violentar suas vontades e abrindo mão das mesmas em prol de uma contrapartida material. Torna-mo-nos seres mecânicos, individualizados e ausentes de qualquer autonomia. Às vezes, chego a me questionar se não seriam Marx e Nietzsche profetas do apocalipse... 
Enquanto o barbudo com sede de justiça social alertava para a realidade alienante, o bigodudo em meio aos seus devaneios afirmava  - em palavras mais intelectualizadas, claro! - que a facilidade com que as coisas se apresentam "mastigadas" e a ausência do trabalho de ter de pensar nos leva a sentir vontade do nada. Sim, é a mesma coisa! Só que o último acrescenta a incessante vontade do nada. Porém, as adversidades são o momento da revolta. É aí que saímos da apatia cotidiana e nos colocamos a refletir e reavaliar o peso que as coisas tem em nossas vidas.
Sob instinto de sobrevivência, nos agarramos a todas as possibilidades para não cair no abismo pessimista do mundo que nos cerca. Cada mínimo detalhe faz a diferença nessa hora. Um carinho, uma palavra de conforto, um sorriso, um gesto qualquer. Uma única atitude significa que há alguém que se importa, que te ama e que estará ao seu lado para o que der e vier.
Diante disso, nos tornamos quixotescamente fortes com a espada da coragem desembanhada e reluzente sob o sol de um promissor amanhã. Sigo, eu também, nessa estrada desconhecida. Minha vantagem é ter a radiação luminosa daqueles que amo.