Literária sempre. Monótona, jamais.

Devaneios de um protótipo humano na infoesfera.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Água Tônica Existencial

Por Viviane Cabrera





Água tônica sempre foi um ótimo auxiliar no combate aos males do estômago e fígado. Pelo menos para mim. Todas as vezes em que padeci de crises do gênero jamais fiquei desapontada, pois esse milagroso líquido funcionou a contento.


Fico cá pensando com meus botões que, ultimamente, as principais preocupações humanas são as existenciais. E algo me leva ao tilintar de neurônios: tal qual a ideia fixa que se equilibrava no trapézio de Brás Cubas, uma agarrou-se à meu sistema neural e de lá não mais saiu.

Imagine só se, sob a promessa de um alívio instantâneo, surgisse no mercado internacional (olhe minha modéstia!) um líquido que combatesse os males da existenciais! Seria algo explêndido, não? Com publicidade do tipo "A Insustentável Leveza do Ser", minha revolucionária água tônica de quinino seria associada à algum psicotrópico que arrancasse a cruz carregada pelo indivíduo desde seu nascimento. Millan Kundera teria lá sua parcela de culpa pela escolha do slogan.

Deixo claro que não entendo nada de farmacologia. Talvez seja apenas a mesma sede de nomeada de Cubas me assaltando de mansinho... Sem conhecer o terreno à que me proponho explorar chega a ser somente uma pretensão.

Entretanto, com um pouco mais de reflexão, sinto-me uma Macabéa que longe de ser passiva, busca desesperadamente algo que sacie suas dores da alma. Seja uma aspirina ou uma água tônica existencial. E se Freud não explicar, com toda a certeza, Clarice Lispector o fará.