Literária sempre. Monótona, jamais.

Devaneios de um protótipo humano na infoesfera.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

SEM SAÍDA

Por: Viviane Cabrera








Vou do meu jeito,
um tanto estranho,
meio torto, meio direito
seguindo o caminho a que me proponho.



Um pouco Plath, Lispector e Meirelles,
reúno em mim
zilhões de encantadoras mulheres
em um labirinto sem fim.



Não quero, portanto,
deixar de rir meu riso,
de chorar o sagrado pranto
que lava e leva tudo consigo.



Quero dos trilhos ser caminho.
Com palavras acalentar.
Das misérias ser o extermínio,
para fixar nalgum lugar.



Quero que a acústica desse oco,
sem motivo nem resolução,
propague esse som choco
que sai ao insistir em deixar pulsar o coração.

SONHO É O QUE MOVE O MUNDO

Mesmo com poucos selos que permitem a jovens talentos a oportunidade de lançar livros, Caroline Rosseto concretiza seus objetivos.
Foto e Reportagem Por: Viviane Cabrera

CONQUISTA – Caroline Rossetto mostra o fruto de seus esforços.

Caroline Rossetto, de 26 anos, escolhe desde cedo o caminho das palavras. Talvez influência de sua mãe, professora de língua portuguesa, fez das letras degraus que permitiram com que chegasse ao ponto desejado: a publicação de seu livro.

Por quatro anos ela fica entre incansáveis pensamentos, ideias limadas no papel, até atingir sua meta. Logo tinha seus escritos registrados e ia em busca de uma editora. Mais dois anos se passaram. A garota de sonhos simples e vida difícil leva muitas recusas sob a forma da negativa de três letras. É como um arpão a atravessar seu âmago e desafiá-la. Tudo que ouve é: “Seu livro é muito bom, mas não estamos interessados agora”.
Já em vias de desistir, resolve colocar o livro em um site voltado para editoras. Em julho de 2009 tem nas mãos o fruto do homérico esforço e degusta o sabor de sua vitória: “Na época de lançamento o interesse era tanto que pensei que fosse virar a J.K.Howling brasileira”, conta em meio a sorrisos que logo dão lugar a outras feições em seu rosto juvenil.
Colocado a um preço nada acessível, as vendas não deslancham como o esperado. Chateada e com certa indignação, sente ruir as bases de seu sonho: “Foi a partir daí que eu descobri como é que funcionava o mercado literário realmente. O Brasil quase não lê e os preços são absurdos”, desabafa com tristeza e um tímido esboço de lágrima em seus rutilantes olhos.

BUROCRATIZAÇÃO DA CULTURA

O mercado editorial brasileiro é extremamente restrito se comparado ao do restante do mundo. Enquanto as grandes editoras vendem diretamente às livrarias, as pequenas trabalham com o sistema de consignação. O autor recebe unicamente 10% sobre o valor bruto de sua criação, sendo que a editora fica com 40% e o restante dos lucros é da livraria.
De acordo com pesquisas coletadas pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL) e a Câmara Brasileira do Livro, estima-se que em 2009 – mesmo ano em que a autora lança seu livro – publicou-se 401.390 exemplares. Já o faturamento é calculado em 4.167.594.601,40 reais. Vê-se que a “cadeia alimentar capitalista” em nada beneficia a literatura, visando somente ao lucro e não objetivando a propagação cultural no Brasil.
Em contato com a Editora Átomo, selo vinculado à Academia Brasileira de Letras de Campinas, Helena explica uma forma que a ABL encontrou para lançar novos nomes: “Trata-se de reunir vários autores em uma só publicação. O valor depende do número de páginas, se a pessoa quer em preto e branco ou se haverá utilização de imagens e cores”. Nessa taxa, estariam inclusos o coquetel de lançamento do livro e o autor teria direito a 20 exemplares (por ser uma baixa tiragem).
E nessa vereda burocratizada, correm contra o tempo muitas “Carolines”. Todas em busca do maravilhoso Éden que é o reconhecimento de seu trabalho literário.
PEREGRINA DAS PALAVRAS
Parar de escrever. Uma hipótese que não consta no caderno de sua vida. Nele a prioridade é fazer de sua literatura uma ferramenta para construir um futuro farto de letras e pensamentos frenéticos que lhe renderão o tapete vermelho do reconhecimento que tanto anseia. Como Brás Cubas com seu emplastro, cá está uma promissora jovem com seus escritos: “Ter o meu livro, ali, na minha frente, foi resposta para várias coisas. É um ‘cala a boca’ para muita gente. Não sou mãe. Mas talvez, seja a mesma sensação de se ter um filho”.
Confessa cabisbaixa que já pensou em desistir. No entanto, frisa com uma força sobrevinda não se sabe de onde que são em momentos como esses que ideias e estórias aparecem a equilibrar-se no trapézio de seu cérebro.
Como um sonho já se concretizou, ela fica a galgar degraus mais acima do que se encontra: “Por incrível que pareça, eu penso no Tim Burton e o quanto gostaria que conhecesse e dissesse que o meu trabalho é bom. Por que não sonhar desse jeito?”, lança ao universo de seres que a cercam.





segunda-feira, 12 de setembro de 2011

BREVE ESPERANÇA


Por: Viviane Cabrera












Quem sabe um dia,

eu deixe essa eterna mania

de só procurar

o que sei que nunca vou encontrar.
 
 
 
Devagar, mesmo que a vida seja curta,
 
quero cantar aquela melodia surda,
 
que só eu entendo...
 
que só eu compreendo...
 
 
 
Vou mergulhar nesse desatino.
 
Fazer dessa canção um hino!
 
Sem me esquecer
 
que o melhor da vida,
 
ainda que haja ferida,
 
é justamente viver.
 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O VERDADEIRO LAR

POR: VIVIANE CABRERA





Ela acreditava no ser humano.
E por acreditar,
tropeçava nas pedras do caminho
sem direito à ajuda para se levantar.


Corria entre vales e colinas verdejantes.
Arrastava-se no deserto escaldante.
Buscava apenas algo que nem intuir o quê.
Ia além de seus limites sem nem mesmo saber ou compreender.


Às cegas, sentindo as experiências
que a própria vivência
lhe proporcionava
e ela nem notava.


Até que em uma tempestade,
o mau-tempo virou maldade,
ferindo a andarilha
 e tirando-a da trilha
que nunca deveras ter saído,
pois jurou e havia prometido
concretizar o maior feito de sua vida.


Nada mais era que uma saída.
Ser a mesma em qualquer lugar,
jamais traí-la e sempre a amar.
Afinal, não há morada melhor,
além dos caminhos que sabe de cor,
que fazer de nós mesmos o mais perfeito lar.

POEMA DO CORAÇÃO

POR: VIVIANE CABRERA











Se quer viver de verdade,

tem que levar a vida com intensidade,

sem deixar para trás nenhum sonho ou anseio.

Abra seu coração no meio

e deixe que dele saia e tome conta

da sua existência,

tal qual no mar o que movimenta é a onda

o que traz felicidade é simplesmente dar vazão à essência!
 
 
 

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

EQUILÍBRIO NA CORDA BAMBA

POR: VIVIANE CABRERA





Daquilo que sei, a vida deu muitas voltas. Rodopiou tanto que é no ponto de partida em que me vejo. O tempo urge. Não há pesar, tristeza ou arrependimento. Somente invade uma sede intensa por concretizar os intentos do meu coração. De maneira racional, equalizo e calculo os próximos passos, para não mais cair nos embustes e armadilhas dessa miserável existência. Já que não se tem sorte, o negócio é fazer acontecer.

Não me dou ao trabalho de contar até dez. Vou ao três e expulso de vez o que não vale a pena. Não existe meio termo. Está disposto a seguir meu caminho? Ótimo, vamos juntos! Agora, não venha achar que pode me cercear, podar meu jeito. Quando chego no limite, digo até o que não quero. Só expulsando os demônios (saindo de dez em dez que é para não congestionar).

Olho a janela com grades. Através dela, vejo o sol, os pássaros a cantar, a brisa leve a rodopiar no meio das plantas e essas a sorrirem com as nuances de cores tais reluzindo à luz. Por que aqui dentro também não pode haver tal fenômeno simples de felicidade cotidiana?

"És eternamente responsável pelo que cativas". Qual o erro na frase? Na frase, nenhum. Mas o pragmatismo de pensar só em si é o problema. Felicidade é coisa que só se conjuga a dois e com o verbo estar. Dado que tudo é efêmero e perde-se valores facilmente, jamais seremos felizes.  Apenas o estaremos em poucos instantes. Com o tempo se aprende... Esperança deveria ser algo bom. No entanto, só machuca mais o que já está doendo. Como monólogos não são minha praia, necessito de diálogo para uma convivência harmônica. E do vazio, faço a engrenagem para buscar algo que me preencha.
Um quebra-cabeça de sete mil peças. Assim sou eu. Sigo a reinventar-me, a reconstruir-me sempre em busca de dias melhores. Pois, como já ouvi de um sábio: "A vida é isso:caiu? LEVANTA! Caiu de novo? LEVANTA!". E nessa ginástica involuntária vou existindo e espalhando minhas palavras por aí.

Em se tratando de sapiência, as crianças são as mais indicadas a nos ensinar. Pois segundo tal ciência, elas vivem o presente, sem saber o que é passado. Brincam, saltam, pulam, sem se importar que o tempo passa e o futuro irá chegar. Aprendamos, também, a realmente estar no presente e do passado se desfazer. O futuro só chega amanhã e hoje eu quero é brincar de viver.

Quando pequena, meu pai sentava no tapete da sala à minha frente e contava histórias fantásticas de heróis mitológicos, de deuses e deusas gregas que explicavam os mistérios dessa vida, sempre com um fim carregado de valor moral. Minha mãe já partia para os contos de fadas quando me colocava para dormir. Deveria ter absorvido mais sobre mitologia grega do que das estórias melosas de finais felizes. Hoje, seria mais pragmática e aceitaria com mais serenidade os acontecimentos.

O melhor da vida é que, imprevisível, desperta a capacidade de sonhar com as hipóteses do "e se". No silêncio que encontro, ouço o tilintar do sino dos ventos. Os carros todos em movimento. E meu corpo a entregar-se à essa rede molemente, à essa coisa simples que é a gente. Sinto apenas sede. Tenho sede do que não fiz, do que há de vir. Enquanto a rede balança devagar, me pego a pensar, no que foi e no que será. 

Vou usar é lavanda para me perfumar. Preciso do frescor em meu pensamento, da sensação de aconchego que lembra os cheiros da infância e do equilíbrio dessa bagunça toda. Não mais caminhar atada ao saco de pedras nas costas, quero a leveza de ser simples! Somente agir de coração leve. Os olhos fixos em um ponto com o corpo em movimento. Alma em intensa revolução e mente "em obras". O resto? Deixo acontecer.
 Há um caminho em que terei de escalar montanhas e me permitir a essa aventura. Também existe uma placa de atalho. Todavia, o que vale a pena é aquilo que se conquista com sangue e suor. Pois o que vem fácil, vai-se embora da mesma maneira. A vida é feita de tentativas para que a concórdia reine. Algumas vezes ficamos felizes ao ver que valeu a iniciativa. Já em outras...

Viver é ter resiliência para se adaptar às situações se apresentam. Pode-se tropeçar, cair e se quebrar. Contudo, o que vale é o como, quando, e as razões para se levantar. Viver não tem preço. É uma experiência alucinante e docemente suicida. 
 
Amo brisas gélidas de inverno. É no frio que me ponho a expandir o calor do meu ser. Quando estou disposta e tão leve, que a própria brisa me leva consigo.

Mas já é setembro. Que a primavera traga não só flores, mas também bons frutos, cores, curas, sensações, sabores e vida. Assim como a flor de lótus, estarei sobre as águas de tormenta mas não me deixarei molhar. Superação é a palavra de ordem para manter o equilíbrio.




terça-feira, 6 de setembro de 2011

AQUILO QUE SOU EU

POR: VIVIANE CABRERA







Até onde me conheço,
intensidade é minha marca registrada.
Mesmo entregando o melhor de mim, vejo
que essa minha característica me deixa esgotada.
Frustrada, por não poder ir além.
Por estar infeliz com a situação que se tem.

Em um exercício de respiração do ser,
Inspiro a vida e suas surpresas.
Às boas mergulho de cabeça sem medo qualquer.
Já as ruins, encerro num baú destinado ao mar e suas profundezas.
Não quero a promessa do talvez a me torturar.
Quero uma prova para poder confiar.

Quanta revolta há cá dentro.
Por dar crédito ao desconhecido.
Aventurei-me, mas lamento.
Pois julguei ser sagrado,
um sentimento por mim bem cultivado
que ao outro somente foi um período divertido. 
Julguei haver solidez
nos castelos de areia com que me presenteava.
Estou presa a "um dia", a um "talvez",
contrários às certezas que me apresentava.


Amar não é soltar um "eu te amo" ao vento.
É demonstrar em atitudes o sentimento
que deveras diz ter-se.
Avessa à plasticidade,
mostro-me na realidade,
tal qual sou e digo ao outro para não iludir-se.
Perfeição não há no ser humano,
tão falho e cheio de sofrer o desengano,
que erra tentando acertar
e acaba por alguém magoar.
Perfeição não existe.

Seletividade pífia de um coração em chagas abertas.
Vale de nada crer no que não se pode constatar.
Fica então em na alma uma vaga incerta,
que ainda que ouça mil promessas e palavras afins,
não posso acreditar
no que não está diante e junto de mim.

Quero cheiro, pele, e afeto.
Dizeres ao ouvido, corações inquietos.
Dia-a-dia olhar nos olhos e me tranquilizar.
Pois só quando fisicamente eu o tiver
saberei se é sincero o amor que me der
e o sentimento que diz pretender eternizar.

Não sou computador.
quero mais do que ler você.
Dá-me seu abraço, beijo e calor.
Envolve-me nas tuas carícias.
Permita que eu faça parte de sua vida.
Assim lhe mostrarei as minhas dores e delícias,
Só para que possa ver
que em verdades, palavras e sentimentos jamais fui contida.
Intensamente uma kamikaze, sou a vida...








A HORA DA VIRADA

POR: VIVIANE CABRERA






 
Chegou a hora de virar a mesa,

chutar para longe essa tristeza...

que cultivar não vale a pena,

pois a causa é pequena.



Abro minh'alma para o Acaso.

Espero que chegue sem atraso.

Já não aguento mais

conter meu eu e enclausurar minha paz.



Vou viver,

respirar ar puro e florescer.

Chegou a hora,

desse sonho realizar

que aqui dentro mora

e que eu vou concretizar!

RX DA SITUAÇÃO

Por: Viviane Cabrera



Domingo gelado

e o pensamento parado

no vão que sobrou...

do que restou.



Já raiou o sol,

enxergo os caminhos para onde vou.

Perseguir com determinação meus objetivos,

cuidar da família e amigos,

é a tábua de salvação

para meu coração

que nesse momento

se esmigalha em lamentos,

aguardando a redenção...