Literária sempre. Monótona, jamais.

Devaneios de um protótipo humano na infoesfera.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Somos Todos Estranhos



Por: Viviane Cabrera







Estranha. Era como ele me classificava. Não chegara a verbalizar qualquer coisa a respeito. Apenas analisava friamente. A mim e ao meu jeito desafinado de ser. Digo desafinado, porque às vezes algumas atitudes não harmonizam com o que realmente gostaria de fazer. Culpa da timidez.


Mas o julgamento que fazia dava de ombros para isso. Simplesmente dissecava cada célula viva e o que ia além. Para aquele sujeito, eu era estranha e ponto final. Dava vontade de dizer que minha vida não se resumia aos poucos minutos em que, desajeitada, enroscava-me no emaranhado das situações. Contudo, veio uma voz no ouvido que disse: "Hei! Deixa ele pensar o que quiser. Você sabe quem é. Isso, ninguém te tira". Fiquei um bom tempo refletindo sobre. Era o Amor-Próprio ou a Preguiça - de ter de argumentar -  que tentara comunicação? Difícil saber.

Todavia, querendo ou não, na cabeça dele era eu um tipo indefinível de pessoa que age coreograficamente desengonçada. Irritava ter aquela certeza nas mãos. Carregar a ideia era verdadeiramente um peso. Quem fala que não liga para essas coisas mente. Imagina só! Alguém que não conhece absolutamente nada do que foi vivido, sofrido, batalhado, te julgar! 

Um exemplo. Alguns silêncios são valiosos, pois com eles as poucas palavras ditas em seus intervalos ficam penduradas como pingentes. Tachar a ausência de comunicação de bizarrice é um engano. Não há injustiça maior do que essa.

Afora as considerações que a mente do indivíduo fazia de lá, lembro  cá do verso da famosa música  que  Caetano  cantou: "Narciso acha feio o que não é espelho". Somos todos estranhos uns aos outros. Ainda bem. Pois que seria um tédio tantas pessoas refletindo apenas virtudes.