Literária sempre. Monótona, jamais.

Devaneios de um protótipo humano na infoesfera.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Um Poema Para Yemanjá



Por: Viviane Cabrera





Odoiá, Yemanjá!
Mãe minha, musa da imensidão de lá e de cá.
De lá das vagas azuis que balançam a jangada.
De cá das tormentas que criam ondas homéricas nessa existência ousada.
Odoiá, Yemanjá!
Há muita sorte em ter como guia uma estrela
vestida de mar.
Ela que das lágrimas que derramo vai a transformar
em pérolas para brilhar de noite
para alegrar os olhos de quem ainda vive do açoite
dos sofrimentos que causa a vida.
Faz com que seja curada a ferida
só de nos mostrar sua beleza de Mãe d'água
em plena luz da lua.

Já te presenteei com meus negros cabelos
para agradecer teus constantes zelos
maternos e misericordiosos.
Mas hoje quero mais do que ofertar presentes cariciosos.
Quero derramar-me por inteira,
eu toda intensa nessa sua corrente de amor arrastadeira,
para colocar em palavras minha gratidão.
Esse sentimento forte que balança as cordas de meu coração.
Quero te dizer somente,
quero que fique ciente,
que com minha alma mergulho nas águas de tua instância
buscando perfeita assonância
para entregar
nas ondas do teu mar.

Salve, Janaína!
Envolve-me em tua água cristalina
 e vem receber as flores que te oferto.
São humildes, simples, mas vem de um coração aberto
e que é grato, 
por poder ter esse iluminado contato.
Tu que é enviada de Oxalá,
recebe também as velas
com pedidos para que me liberte das muitas celas
que ao longo da existência eu me trancafiei
sem saber e querer, onde me iludi e nas lamas do acaso boiei.
Desde já, te adorno com meu amor
e sei que a correnteza, um dia, há de levar toda a dor
à nulidade de não mais afetar meu ser.
Mergulho no teu mar sentindo o gosto do sal a me refazer.

Abandono meu corpo às ondas que o acariciam
 e com leves movimentos pretendo chegar onde as coisas se iniciam.
Ainda estarei contigo lá no fundo,
coisa melhor não deve haver no mundo
que estar cercada de tão doce companhia.
Vem, minha Mãe, preenche-me de teu mel e contagia a vida de alegria.
 Faz dela um palco sem fim.
Valerá a pena só se for assim.
Me despeço cá na certeza
do valor de sua realeza
e pela ciência de que para te encontrar
pode ser aqui dentro do coração ou na imensidão azul do mar.
Por isso é meu orixá.
Mãe linda, sereia encantadora e querida Yemanjá.



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