Por: Viviane Cabrera
Num dia barulhento
a saia em meio ao vento
ondula livre, flutuando no nada,
querendo revelar o que por baixo dela se guarda.
Vagueia,
como um rabo de sereia
no movimento que reproduz
enquanto olhos alheios observam seu farfalhar, coisa que seduz.
Num rompante,
sobe a saia com um vento matreiro e deselegante,
fazendo a moça ficar enrubescida
por aquela cena constrangedora que por muitos fora assistida.
Logo volta a colar no corpo,
alisada pela tímida moça que retoma o habitual conforto.
É a saia um pedaço de pano que não se contenta
em ser somente vestimenta.
Ao fim do dia,
despe-se a mulher com displicência e afasia,
jogando a saia no cesto do que deve ser lavado.
Talvez a saia só queira mesmo é no vento mostrar o seu bailado.
Talvez sejamos nós
saias buscando livrar-se da vida atroz.
Talvez queiramos apenas a liberdade
de flutuar na vida e nela mover-se com autenticidade.
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