Literária sempre. Monótona, jamais.

Devaneios de um protótipo humano na infoesfera.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Via de Mão Única

Por: Viviane Cabrera





É em datas festivas como o Natal que o coração aperta. Ironia, não? Deveria eu estar alegre, celebrando de alguma maneira o que me sobra. Mas a verdade é que não sei viver de restos. Não me contento com pouco. Quero mais. Quero ele, teimosia que povoa meus anseios.

Consciente de que nem sempre as vontades são passíveis de serem concretizadas, aceito o destino de me manter longe e em silêncio. De nada adiantaria estar por perto e manifestando-me nos mais bonitos e envolventes dizeres se só tem significado para uma única pessoa.

Na quietude, concentro-me na plenitude do indizível. O silêncio cozinha em fogo lento as lembranças do cheiro, do gosto daquele homem, no caldeirão metafísico do querer. Sei bem que esse prato vazio há de ficar como está. No entanto, isso não significa que a fome não está aqui. Fica ela roendo internamente, causando uma melancolia que degusto gota a gota com parcimônia e resignação tibetana.

Aceitando a condição do peito pesado com o sentimento não correspondido, agora a passarela é dolorosa. São tantos os espinhos que os pés afeiçoaram-se à dor da perfuração. O bom é que não me ocupo no ofício de derrubar lágrimas e lamentar por longo tempo. Faço por um período suficiente para desaguar o que ficara represado. Feito isso, o sorriso toma conta do rosto em forma de esperança no futuro que me aguarda.

Talvez seja melhor assim. Como dizia a canção, "O Sol não pode viver perto da Lua" e eu sou soturna, introspectiva, misteriosa demais para alguém que expande raios de vida a todo momento. Por isso, joguei no lixo minhas expectativas de que um dia ele volte o olhar para mim. Segue, homem! Vá de cabeça erguida que a culpa dessa ilusão maldita é minha.



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