Literária sempre. Monótona, jamais.

Devaneios de um protótipo humano na infoesfera.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Vontade de Azul

Por: Viviane Cabrera


Dias se passaram como um sopro. Mas ela ainda estava ali no quarto. Ficava a olhar as nuances de azul no céu. Só que aquela aura rosada sufocava o que de mais íntimo possuía. "Eu olho o mundo com o olhar de mundos em mim", repetia em voz baixa. Preferia paredes brancas. Assim, imprimiria seus humores plurifacetados como quadros a retratar momentos de seu viver.

No entanto, o azul celeste despertava-lhe algo que ia além de uma mera explicação de palavras. Por entre grades, tentava alcançar não só a cor, mas também o mais alto que pudesse. Contudo, quanto mais esticava-se, mais distante estava de seus desejos, aspirações e anseios.

Enquanto isso, nuvens passeavam de um lado a outro afrontando sua expectativa de um dia ter a liberdade de ir com o vento até onde o destino lhe for permitido. Não se furtava a enfrentar obstáculos.

 Afinal, é deles que se extrai o sumo de aprendizados. Apenas queria abraçar a vida, ter coragem e dar a cara a tapa. O medo era nulo quando me lanço em direção ao desconhecido em um mergulho sem fim. Somente queria a liberdade azulada que se apresentava tão atraente diante dos olhos.

Faltava-lhe muito para compreender o imcompreensível. As pessoas são pequenas peças de um enorme quebra-cabeça maluco e desconexo. Então, para que dar murro em ponta de faca? Sábios os chineses que provavam por A + B que a mudança coberta de sensatez é aquela que começa por nós mesmos. Se a caminhada será longa, não importa. Pois que seja proveitosa enquanto dure.

Todavia, a dela estava anos luz de se concretizar. Separada de sua jornada por grades frias de ferro sonhava, envolta na intoxicante fumaça rosácea do quarto, aguardando por algo que viabilizasse sua fuga para um céu de azuis profusos e vivazes.













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