Por: Viviane Cabrera
Ultimamente estou voltada aos fatídicos e derradeiros desenganos do acaso. Cansei dessa veia romântica ao estilo dos Irmãos Grimm que aprisiona e engessa toda a ideia de naturalidade. O fluxo das coisas precisam e merecem ser respeitadas, pois a vida é bem isso: um desaguar de situações desconexas que se acorrentam umas às outras até tecerem uma malha férrea de acontecimentos. Importa é o gosto das palavras soltas, libertas para que tenham espaço para significar o que quiserem. Sou moleca que tem mania de palavrear tudo que sente, observa e percebe. Escrever, para mim, é uma brincadeira séria.
Pouco importa se o final é feliz ou triste. O enredo que se conta é que precisa pegar o leitor pelo pé, pelas entranhas, pela alma, pelo coração. O relevante é que o rumo das coisas caminhem para o melhor dos personagens. Seu encerramento acaba sendo mero detalhe. É um mundo a parte que adentramos para explorar. Sem ambição alguma. Somente pelo simples prazer das descobertas e novas sensações que proporciona. É onde o jeito que me codifico em letras é minha identidade, meu rosto. É onde moldo o barro para que se transforme em cerâmica.
E o bom da escrita é justamente isso. Somos submetidos voluntariamente a ser reféns de nossas palavras, personagem de nossos personagens. Devemos deixar que o processo todo abuse de boa vontade que temos. É forma de se libertar. Deles e do que mais estiver preso por aí. Assim é que se dá minha redenção. Seja para falar do bem ou do mal. Essas drogas de demônios fazem é estrago dentro da gente, arranhando ao querer sair do jeito que for. Aí é que dar vazão a eles passa a ser um bálsamo. Pois a cada palavra, acalmam-se e me deixam em paz. Coloquei os tais demônios para pensarem por mim e fico apenas com o serviço de psicografar.