Literária sempre. Monótona, jamais.

Devaneios de um protótipo humano na infoesfera.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Do Acessório Ao Imprescindível

Por: Viviane Cabrera



 

Estou de luto. Mas não perdi parente, cachorro de raça, gato de estimação, papaguaio ou namorado. Perdi mesmo é meu brinco de ouro, lástima que não há barra de chocolate belga, sexo do bom e cantada de pedreiro no mundo que substitua. Dá um vazio existencial que dói no mais íntimo de mim.
 
O artefato de metal nobre era fruto de um mimo feito por alguém que já se foi. Transcende ao valor material. Usar aquele par de brincos era como que se eu estivesse perto ainda daquela pessoa que me era tão especial.
 
Agora, sinto falta de algo que não sei bem o que é. Não é só a falta do bendito brinco, mas das coisas que representava. Ia muito além de sua beleza. Fato é que eu ficava com o semblante tranquilo e feliz quando com ele estava.
 
A teimosia é tanta que me recuso a tirar o brinco que restou. Parece que é coisa de estilo. Contudo, não passa de não saber desapegar de um sentimento reconfortante que acompanhou-me por longa data. Cismei e ponto final.
 
Resumindo a ópera, essa lacuna punjante em meu coração irá doer toda vez em que tocar as orelhas e não mais notar o brinco em seu devido lugar. Perdi muito mais do que um acessório. Perdi parte de minha história feita de metal. Perdi parte de mim numa pesada fração de instantes que passaram  despercebidos. Só que jamais serão esquecidos.

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