Literária sempre. Monótona, jamais.

Devaneios de um protótipo humano na infoesfera.

terça-feira, 27 de março de 2012

Do Gostar

Por Viviane Cabrera






Num instante de desatino, resolve falar. Despejar gota a gota o montante de significados que acumula em seu peito.


De repente, começa: “Você é luz não no final do túnel, mas no começo de um caminho”. Enquanto sua boca deixa escapar sentenças palavrais, o coração pulsa em sobressaltos. Ainda mais quando recebe a resposta que também era ânimo novo no coração. “Não se preocupe com seu sentir, nem com o meu. Deixe a vida nos levar”, disse ele num tom malemolente.

O que foi dito, ecoou na alma daquela garota de olhar distante, nefelibata. Sentia paz tomar conta de si. Tanto se dava quando ou como tudo começou. Importava somente que o querer era recíproco e que o destino se constituiria de futuras escolhas.

Envolvida no aroma da fina flor da plenitude, seguia satisfeita pelo gostar. Contudo, após tanto falar, teve vontade do silêncio. Devia agora degustar o diálogo como quem o faz com o vinho: saborear todos os detalhes que lhe é permitido.

Pensava ao olhar o céu: "Um dia li que somos constituídos de estrela. Deve ser por isso, então, que ele brilha tanto diante de meus olhos".

E assim anoiteceu ela, vendo tornar possível o que julgava ser só para sonhar.

Um comentário:

  1. Oi,

    Li seu texto. Gostei do dizer sobre as palavras de um dialogo aberto do coração. Me deu gosto de as palavras saltaram outros tantos montantes de significas. Mas significar enquanto a razão que pensa o sentir, pois sentir não significa. Ele só toma forma de sentidos quando as palavras tentam, em significados transferi-los no coração rascunhado.

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