Literária sempre. Monótona, jamais.

Devaneios de um protótipo humano na infoesfera.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A Janela

Por Viviane Cabrera





Toda noite me deparava com aquela janela. Estava ela toda exposta, escarando seu mundo para mim sem
pudor algum. Via aquele portal maravilhada. Quantas coisas, pessoas, histórias e situações haveria por trás
daquelas duas simples folhas de madeira vagabunda, mofada e cheia de marca do tempo? Perguntava-me  sempre que defronte estivesse a bendita.


Há muito tentava imaginar o que ali tinha. Era mais do que uma janela. Era uma oportuna chance de satisfazer minha curiosidade.


Com luzes acesas ou apagadas. As roupas que se apropriavam da varanda languidamente. Meus olhos que também tomavam posse do cenário, tentando desvendar um mistério alheio à realidade que eu pertencia.


 Nem um rosto sequer consegui ver, somente sombras movimentavam-se de um lado a outro. E por longo tempo observei. Anos passaram naquelas noites em que, esperando um trem para ir embora, fitava fixamente as vistas cansadas na janela entreaberta.Contudo, chegou o momento em que a hora se apresentou e o sol tomou seu posto. Talvez seja agora o momento de esquecer as sombras para viver de  luz. Cansei de me esconder atrás daquela misteriosa e maltrapilha janela.


Bendita, janela...

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