Literária sempre. Monótona, jamais.

Devaneios de um protótipo humano na infoesfera.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Saga

Por Viviane Cabrera




Por você, provei as dores e as delícias do amor.
Experimentei, a contragosto, o flagelo de espinhos
para poder ficar mais perto do teu calvário.
Também experimentei teus manjares,
para saber que gosto tens.

Por você, fiz simpósios.
Criei epopéias.
Retratei seu heroísmo.

Por você, combati infiéis.
Conquistei reinos.
Contrui castelos e te fiz rei.

Por você, voltei-me ao cientificismo.
Resgatei a antiguidade.
Tua história exaltei.

Por você fiz sermões.
Entrei em conflito entre o terreno e o celestial.
Cultuei meu "Rei Sol".

Por você fui simples.
Adotei pseudônimos.
Fiz de você meu "locus amoenos".

Por você voltei às origens.
Fui romântica.
Te entreguei meu condor.

Por você recorri ao evolucionismo.
Fui positivista e socialista
só para te determinar.

Por você fiz rima rica.
Retomei o racionalismo.
Cultuei tua forma.

Por você me tornei nefelibata.
Fui em busca da essência do ser humano.
Purifiquei minha alma com teu olhar.

Por você denunciei a realidade.
Usei linguagens nada poéticas.
Renunciei ao passado e te aceitei.

Por você, choquei a sociedade.
Experimentei vários falares.
Mas adotei apenas tua língua.

Por você, amadureci e me aprofundei.
Fui livre e sintética.
Fui intimista no teu mundo.

Por você, aproveitei a página em branco.
Concretizei meu desejo.

Por você, revisitei todos os tempos.
Fui clássica e moderna.
Tornei-me mulher.
Chorei.
Sorri.
Vivi.

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