Literária sempre. Monótona, jamais.

Devaneios de um protótipo humano na infoesfera.

sábado, 4 de agosto de 2012

Ofício

Por: Viviane Cabrera





Escrever é um ato de volúpia. Luxúria que se dissolve em tinta ou pixels para traduzir desejos intensos de uma vida. Ao conceber palavras, o cérebro deixa escorregar na montanha russa dos sentimentos sentenças que, caso obtenham liberdade para tal, flutuam em direção ao outro.

O autor é mensageiro de percepções que lhe são alheias. É um instrumento divino em que as coisas passam através e voltam à tona com ressignificações dignas de um olhar atento, um coração pulsante e análise intelectual dedicada.

Há quem se deslumbre ao deparar com um escritor. Que nada! Ele é tão humano e falho quanto qualquer um. Tem vícios, defeitos, dificuldades. Muitas das vezes, leva uma vida tão normal que precisa da literatura para livrar-se dos grilhões tiranos da realidade. A mesma mão que digita um texto corta pão e passa manteiga, toma um café e se dá ao luxo de outras coisas as quais melhor não citar. Sim! É uma pessoa normal.

Contudo, o ritual da escrita acontece com um certo gosto pelo nome em letreiro grande e iluminado na jornada da humanidade. Quem nega, mente. E tem uma explicação plausível para o fato. Acontece que quem se permite desnudar em palavras o faz com o furor de um amante enlouquecido de vontade. Descortina uma vida nebulosa e a escancara em praça pública. E quem assim age, logicamente que aguarda o afago do reconhecimento por seu trabalho. Há que se ter coragem e o desprendimento como se tudo não passasse de uma peça de teatro grego (tragicomédia cotidiana). Coitado de quem julga pela palavra sem ao menos conhecer a história que há por trás dela. Não sabe o que está perdendo!

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