Por: Viviane Cabrera
Em tempos de banzo, banhos de chuva são mais do que necessários. São eles que lavam e levam embora toda aquela sujeira acumulada por tanta coisa que vamos encruando por dentro. A abundância de água que jorra abençoa cada centímetro de pele, cada alma que insiste em lutar, cada coração que pulsa de teimoso.
Receber o desaguar das nuvens carregadas é libertador. Isso porque nessas horas você esquece dos inúmeros problemas que te cercam e somente a chuva é que povoa o centro de suas preocupações. Enquanto ela durar, não haverá em sua mente outra coisa senão a bendita. Tudo fica menor diante da amostra de tempestade.
O que mais intriga é a mudança das sensações e sentimentos durante esse processo. Antes, o medo de se molhar. Depois de uma aguaceira daquelas, tanto faz. Você acaba até gostando de ficar embaixo dessa ducha natural. O corpo acostuma e a alma pede mais liberdade de poder viver hidratando o árido que há em nós.
Tomar um banho de chuva - dos bem tomados, mesmo - enchem a pessoa de coragem para enfrentar a barreira que for. Titã que se meta a besta nessas horas! Vai é se dar mal. Talvez essa força venha à tona porque, vinda dos céus, a chuva é uma benção e como tal desperta na gente somente aquilo que nos é tão característico.
Sei lá. Temos mania de fazer suposições e crer piamente nelas - coisa que atinge em cheio os nervos e estômago de quem é ansioso demais. Penso que o simples às vezes basta para ser feliz, ainda que por instantes. No fim das contas, deixar fluir pingos de acaso em nós não faz mal a ninguém. Então, que chova!
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