Por: Viviane Cabrera
Sentada em sua cama, olhava ao redor. Pensava em procurar onde é que havia se perdido. Mas em meio a bagunça, desfazia-se de si ainda mais. Chegou a ligar a televisão na tentativa de se distrair. No entanto, seu olhar vazio arrastava pensamentos em busca da viabilidade de uma solução.
O coração disparado fazia com que a respiração ficasse ofegante e dificultosa, a ponto de sentir-se sufocada. Sua única doença era os senões a que se apegava para tentar uma conversão no meio do caminho. Talvez fosse ela um carro desgovernado em direção ao precipício, sem freios ou manuais que a trouxessem de volta à trilha que deveria ter seguido.
Entre inspiração e expiração permeavam reflexões convergindo naquele ser tão pequenino que era obrigado a suportar nas costas o peso do mundo. Queria até desvencilhar-se, porém o que era um instante, tornava-se ciclo de repetições sem fim. Mudavam os atores só que o cenário permanecia o mesmo.
Um ópio, um bálsamo! Braços para se aconchegar! lugar onde repousar a cabeça! Qualquer coisa que a tirasse daquela sensação vertiginosa da queda incessante. Foi então que correu à janela e ficou um bom tempo a admirar a paisagem. Fechou os olhos, abriu os braços e ficou ali a deixar que o vento rasgasse seu rosto, congelando muito daquilo tudo que a fazia ferver.
Entregava-se de tal maneira que, quando percebeu, a noite instalou-se explendorosa, serenando o turbilhão que abrigava no peito. Anoitecer é a certeza enluarada de que o dia seguinte surgirá com a solução iluminada do amanhã.
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